INSETOS NO CARDÁPIO
Sempre
que se fala na situação de fome pela qual passam cerca de 800 milhões de
pessoas em diversos continentes ou da subnutrição que atinge um em cada nove
pessoas em muitos países, vem à tona o emprego de certos insetos na alimentação
humana. Não se trata apenas do fato de os insetos serem sempre muito comuns e
numerosos, a questão nutricional, talvez, seja o ponto mais relevante. Logicamente
que poucas espécies podem ser usadas na alimentação sendo importante considerar-se
a fonte alimentar do inseto e onde foram criados. Entretanto, como muitos usam
partes de plantas em sua dieta, não existem sérios problemas em consumir
insetos com cigarras, lagartas de mariposas, grilos, gafanhotos ou larvas de
besouros. Algumas espécies de cupins africanos
apresentam teores de proteína superiores a 40% e de gordura maiores de 44%. Com
isso o valor energético de 100g desse alimento vai de 600 a 760 Kcal e são tidos
por habitantes da Zâmbia como um dos mais deliciosos pratos. As 23 espécies de
lagartas analisadas no Zaire, apresentaram valor proteico superior a 63% com
457 Kcal/100 g, sendo que em 21 delas o teor de ferro foi em média 335% do
valor diário requerido. Isso representa cerca de 31 mg de ferro/100 g de
lagarta seca contra apenas 6 mg encontrada na carne de boi. Gonimbrasia belina (lagarta mopanie) é plenamente
consumida pelos habitante do Sudeste da África. Este inseto depois de preparado
e seco, constitui uma fonte completa de aminoácidos e ainda se transforma em excelente
fonte de renda quando exportado para o Zimbabwe e Zâmbia. Nos EUA talvez o mais
popular petisco da entomofauna seja a lagarta da mariposa da cera – Galleria mellonnellla. A lagarta quando frita
em óleo quente, incha e estoura como pipoca, tendo o mesmo aspecto de floco e com
sabor de batata frita.
No
Brasil o prato mais comum são as tanajuras (fêmeas aladas das formigas-cortadeiras
do gênero Atta) fritas com farinha,
que fazem parte da tradição em muitos estados do nordeste na época das chuvas.
As larvas do besouro Tenebrio molitor
(besouro da farinha), criadas em farelo de trigo podem ser consumidas fritas
com tempero de alho, sal e pimenta. Outra iguaria é a larva do bicudo-do-coqueiro
(Rhynchophorus palmarum) cujo sabor
iguala-se ao da popa do coco.
O
recente relatório da FAO intitulado “insetos comestíveis: perspectivas futuras
para a segurança alimentar” enfatiza a “entomofagia”, ciência que trata da alimentação
humana suplementada com insetos, lista pelo menos 1500 espécies de insetos
consideradas apropriadas para o consumo humano. Embora a maioria das pessoas ainda
resista alegando certo nojo ou desconfiança, a tendência e de que cada vez mais
sejamos encorajados a incluir os insetos como uma opção saudável em nossos cardápios.
Abaixo segue uma receita simples para quem deseja iniciar-se na entomofagia:
CAJUS
CROCANTES DE GRILOS
Em uma bandeja
coloque uma xícara de grilos vivos;
uma xicara de farinha de aveia;
após 24 horas remova os grilos mortos ou
doentes;
leve a bandeja ao frízer;
após mortos e congelados, remova pernas e
asas, lave bem e espalhe em uma forma larga;
leve ao forno em fogo baixo até que fiquem
crocantes;
prepare um molho com sal, alho, páprica ou
tabasco em manteiga derretida;
borrife o molho sobre os insetos e sirva.