quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015


                                  INSETOS NO CARDÁPIO

Sempre que se fala na situação de fome pela qual passam cerca de 800 milhões de pessoas em diversos continentes ou da subnutrição que atinge um em cada nove pessoas em muitos países, vem à tona o emprego de certos insetos na alimentação humana. Não se trata apenas do fato de os insetos serem sempre muito comuns e numerosos, a questão nutricional, talvez, seja o ponto mais relevante. Logicamente que poucas espécies podem ser usadas na alimentação sendo importante considerar-se a fonte alimentar do inseto e onde foram criados. Entretanto, como muitos usam partes de plantas em sua dieta, não existem sérios problemas em consumir insetos com cigarras, lagartas de mariposas, grilos, gafanhotos ou larvas de besouros.  Algumas espécies de cupins africanos apresentam teores de proteína superiores a 40% e de gordura maiores de 44%. Com isso o valor energético de 100g desse alimento vai de 600 a 760 Kcal e são tidos por habitantes da Zâmbia como um dos mais deliciosos pratos. As 23 espécies de lagartas analisadas no Zaire, apresentaram valor proteico superior a 63% com 457 Kcal/100 g, sendo que em 21 delas o teor de ferro foi em média 335% do valor diário requerido. Isso representa cerca de 31 mg de ferro/100 g de lagarta seca contra apenas 6 mg encontrada na carne de boi. Gonimbrasia belina (lagarta mopanie) é plenamente consumida pelos habitante do Sudeste da África. Este inseto depois de preparado e seco, constitui uma fonte completa de aminoácidos e ainda se transforma em excelente fonte de renda quando exportado para o Zimbabwe e Zâmbia. Nos EUA talvez o mais popular petisco da entomofauna seja a lagarta da mariposa da cera – Galleria mellonnellla. A lagarta quando frita em óleo quente, incha e estoura como pipoca, tendo o mesmo aspecto de floco e com sabor de batata frita.
No Brasil o prato mais comum são as tanajuras (fêmeas aladas das formigas-cortadeiras do gênero Atta) fritas com farinha, que fazem parte da tradição em muitos estados do nordeste na época das chuvas. As larvas do besouro Tenebrio molitor (besouro da farinha), criadas em farelo de trigo podem ser consumidas fritas com tempero de alho, sal e pimenta. Outra iguaria é a larva do bicudo-do-coqueiro (Rhynchophorus palmarum) cujo sabor iguala-se ao da popa do coco.
O recente relatório da FAO intitulado “insetos comestíveis: perspectivas futuras para a segurança alimentar” enfatiza a “entomofagia”, ciência que trata da alimentação humana suplementada com insetos, lista pelo menos 1500 espécies de insetos consideradas apropriadas para o consumo humano. Embora a maioria das pessoas ainda resista alegando certo nojo ou desconfiança, a tendência e de que cada vez mais sejamos encorajados a incluir os insetos como uma opção saudável em nossos cardápios. Abaixo segue uma receita simples para quem deseja iniciar-se na entomofagia:

CAJUS CROCANTES DE GRILOS
Em uma bandeja

coloque uma xícara de grilos vivos;

uma xicara de farinha de aveia;

após 24 horas remova os grilos mortos ou doentes;

leve a bandeja ao frízer;

após mortos e congelados, remova pernas e asas, lave bem e espalhe em uma forma larga;

leve ao forno em fogo baixo até que fiquem crocantes;

prepare um molho com sal, alho, páprica ou tabasco em manteiga derretida;

borrife o molho sobre os insetos e sirva.

Um comentário:

  1. Pode ser qualquer grilo? onde se acha esses grilos? e para que a farinha de aveia?

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