quinta-feira, 18 de dezembro de 2014


COMO SURGIRAM AS ASAS NOS INSETOS?

 
 
 
Entre as inúmeras singularidades encontradas nos insetos, a que mais aguça a curiosidade de cientistas e estudiosos é a presença das asas. Talvez por serem os únicos animais com sistema de voo independente, talvez pela importância que elas representaram na evolução das espécies e ainda representam na história de vida desses artrópodes ou ainda, quem sabe, pela variedade e funcionalidade desses apêndices.

Adquirir a capacidade de voar foi um passo tão importante na evolução dos insetos, que 99% das espécies apresentam um ou dois pares de asas funcionais, que entre tantas outras vantagens, trazem a primazia do deslocamento rápido e eficiente a longas distâncias, promove a dispersão das espécies, facilita o encontro dos indivíduos reprodutores e encurta as distâncias até as melhores fontes de alimento. Porém, uma pergunta ainda permanece sem resposta definitiva: como surgiram as asas nos insetos? A escassez de registros fósseis do início do período Carbonífero torna a questão polêmica, controversa e de difícil solução. A hipótese mais aceita é aquela dos lobos paranotais, pela qual, estruturas rígidas presentes nas laterais do tórax de insetos que viviam em árvores, passam a ser usadas como paraquedas para amortecer a queda de um indivíduo que poderia estar fugindo de um predador. A seleção natural foi agindo e favorecendo a articulação do lobo ao tórax produzindo movimentos para dirigir o indivíduo em queda, agora em voo planado. Finalmente, uma musculatura própria teria se desenvolvido propiciando movimentos para definitivamente elevar do solo os insetos há cerca de 320 milhões de anos.

Pela teoria das nadadeiras insetos primitivos eram anfíbios e usavam pequenas “proto-asas” que tinham a função de proteção, como nadadeiras na superfície da água, adquirindo articulação e musculatura própria. Como os insetos retornavam com frequência ao ambiente terrestre a seleção natural favoreceu essas estruturas estendidas que desenvolveram musculatura mais potente e passaram a ser capazes de movimentar os insetos também pelo ar.  É a teoria que traz a explicação mais plausível para a perfeita coordenação muscular necessária para a rotação da base da asa, essencial ao voo. No momento, além essas, outras três teorias tentam explicar o surgimento das asas nos insetos, porém, nenhuma delas pode ser totalmente aceita ou descartada.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014




 
 
 
 
 
 
 

A GRANDE PREDILEÇÃO DO CRIADOR PELOS BESOUROS


Nosso planeta poderia ser conhecido por “terra dos besouros” se fossemos fazer justiça ao grupo de organismos predominante em todas as regiões biogeográficas e em quase todos os habitats. Um em cada três insetos é um coleóptero. Conhecidos popularmente por besouros, vaga-lumes, joaninhas, carunchos, bicudos ou escaravelhos, totalizam 350.000 espécies descritas, o que representa 25% de todas as espécies de animais e plantas catalogados ou 40% dos insetos. A biodiversidade terrestre não seria a mesma sem eles! É o grupo com maior diversidade anatômica e biológica, embora a grande maioria se caracterize na fase adulta pelo primeiro par de asas esclerotizado, resistente em forma de estojo (élitro), que protege o segundo par membranoso, quando o indivíduo está em repouso. Besouros estão entre os menores e os maiores insetos conhecidos, haja vista que o menor deles mede apenas 0,3 mm enquanto que o maior tem 200 mm. Com tamanha variedade de espécies pode-se esperar uma grande diversidade de hábitos alimentares que abrangem todos os órgãos das plantas, predação ativa e parasitoidismo de outros insetos, e ainda coprofagia, saprofagia e fungivoria (apenas o hábito hematófago não é conhecido entre os besouros).

A. Familia Passalidae; B. Familia Scarabaeidae; C. Familia Buprestidae; D. Familia Elateridae.  

Mas, o que teria levado os besouros a alcançar tamanha expansão e sucesso? O desenvolvimento dos élitros protegendo as asas e o corpo foi importante mas não é a única causa. O longo período evolutivo dos besouros desde o Triássico (240 milhões de anos) possibilitou uma grande radiação de espécies com o surgimento de inúmeras possibilidades de novos microhabitats e fontes de alimento. Outras razões foram: a forma do corpo em cunha, achatado, liso e rígido; a rigidez da cabeça e do protórax; a flexibilidade entre as regiões do corpo; a flexibilidade do abdome e a presença de asas membranosas efetivas para o voo, dobradas e protegidas sob o primeiro par quando em repouso. Como em outros grupos de insetos holometábolos, os besouros também beneficiaram-se muito da fase larval que pode explorar recursos alimentares diferentes daqueles dos adultos aumentando as chances de sobrevivência. A ordem Coleoptera está entre as que acrescenta o maior números de novas espécies anualmente.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


UM GRUPO DE SUCESSO

 
Quando se compara o número de espécies de animais presentes em uma dada área em qualquer ambiente (exceto o marinho), o que de imediato salta aos olhos é a enorme desproporção entre o número de espécies de insetos e o de outros animais. Três em cada quatro espécies descritas são artrópodes; sendo que, somente de insetos são conhecidas cerca de 1.000.000 de espécies. Para se ter uma ideia, todas as espécies conhecidas de aves e mamíferos somadas não alcançam 16 mil!  A cada ano que passa, cinco mil novos insetos são descritos e a tendência é que esse número aumente bastante com o emprego das modernas técnicas de análise do genoma mitocondrial, da mesma forma, à medida que se exploram novos habitats. Estimativas mais conservadoras apontam que existem pelo menos duas a cinco milhões de espécies por ser descobertas e vários milhões de exemplares aguardam identificação nos 30 maiores museus de História Natural ao redor do mundo. O fator limitante, nesse caso, passa a ser a disponibilidade de taxonomistas treinados para o trabalho de descrição e catalogação.  A grande maioria deles encontra-se na Europa e Estados Unidos.
Mas, que fatos teriam contribuído para esse enorme sucesso dos insetos como grupo? Várias razões podem ser apontadas entre elas: o tamanho reduzido - proporcionou a exploração de inúmeros nichos e pequenos recursos alimentares, a redução da quantidade de alimento, facilidade em esconder-se e escapar dos inimigos naturais, ciclos de vida mais curtos, respiração através de tubos ou traqueias; o desenvolvimento de asas – aumentou a procura pelo alimento e a dispersão das espécies; o exoesqueleto rígido e impermeável – viabilizou a redução do tamanho corporal e a inserção de músculos potentes e a proteção do corpo contra as intempéries; metamorfose – a fase jovem pode desenvolver-se em alimento e ambiente diverso da fase adulta diminuindo a competição; simbiose com fungos, bactérias e protozoários – proporcionou a exploração de novos materiais como recursos alimentares (quitina, queratina, celulose); plasticidade genética - proporciona maior adaptação a novos ambientes somada ao curto ciclo de vida proporcionam uma rápida ação dos mecanismos de seleção natural.

O processo de radiação adaptativa (processo onde os indivíduos de uma espécie isolada podem originar novas espécies devido as mutações decorrentes de novos ambientes) é melhor observado naqueles grupos de dimensões corporais reduzidas e que podem explorar recursos mínimos como esporos de fungos, ovos de outros insetos e pólen.