quarta-feira, 3 de dezembro de 2014


UM GRUPO DE SUCESSO

 
Quando se compara o número de espécies de animais presentes em uma dada área em qualquer ambiente (exceto o marinho), o que de imediato salta aos olhos é a enorme desproporção entre o número de espécies de insetos e o de outros animais. Três em cada quatro espécies descritas são artrópodes; sendo que, somente de insetos são conhecidas cerca de 1.000.000 de espécies. Para se ter uma ideia, todas as espécies conhecidas de aves e mamíferos somadas não alcançam 16 mil!  A cada ano que passa, cinco mil novos insetos são descritos e a tendência é que esse número aumente bastante com o emprego das modernas técnicas de análise do genoma mitocondrial, da mesma forma, à medida que se exploram novos habitats. Estimativas mais conservadoras apontam que existem pelo menos duas a cinco milhões de espécies por ser descobertas e vários milhões de exemplares aguardam identificação nos 30 maiores museus de História Natural ao redor do mundo. O fator limitante, nesse caso, passa a ser a disponibilidade de taxonomistas treinados para o trabalho de descrição e catalogação.  A grande maioria deles encontra-se na Europa e Estados Unidos.
Mas, que fatos teriam contribuído para esse enorme sucesso dos insetos como grupo? Várias razões podem ser apontadas entre elas: o tamanho reduzido - proporcionou a exploração de inúmeros nichos e pequenos recursos alimentares, a redução da quantidade de alimento, facilidade em esconder-se e escapar dos inimigos naturais, ciclos de vida mais curtos, respiração através de tubos ou traqueias; o desenvolvimento de asas – aumentou a procura pelo alimento e a dispersão das espécies; o exoesqueleto rígido e impermeável – viabilizou a redução do tamanho corporal e a inserção de músculos potentes e a proteção do corpo contra as intempéries; metamorfose – a fase jovem pode desenvolver-se em alimento e ambiente diverso da fase adulta diminuindo a competição; simbiose com fungos, bactérias e protozoários – proporcionou a exploração de novos materiais como recursos alimentares (quitina, queratina, celulose); plasticidade genética - proporciona maior adaptação a novos ambientes somada ao curto ciclo de vida proporcionam uma rápida ação dos mecanismos de seleção natural.

O processo de radiação adaptativa (processo onde os indivíduos de uma espécie isolada podem originar novas espécies devido as mutações decorrentes de novos ambientes) é melhor observado naqueles grupos de dimensões corporais reduzidas e que podem explorar recursos mínimos como esporos de fungos, ovos de outros insetos e pólen.

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