UM GRUPO DE SUCESSO
Quando
se compara o número de espécies de animais presentes em uma dada área em
qualquer ambiente (exceto o marinho), o que de imediato salta aos
olhos é a enorme desproporção entre o número de espécies de insetos e o de outros
animais. Três em cada quatro espécies descritas são artrópodes; sendo que,
somente de insetos são conhecidas cerca de 1.000.000 de espécies. Para se ter
uma ideia, todas as espécies conhecidas de aves e mamíferos somadas não
alcançam 16 mil! A cada ano que passa,
cinco mil novos insetos são descritos e a tendência é que esse número aumente
bastante com o emprego das modernas técnicas de análise do genoma mitocondrial, da mesma forma, à medida que se exploram novos habitats.
Estimativas mais conservadoras apontam que existem pelo menos duas a cinco
milhões de espécies por ser descobertas e vários milhões de exemplares aguardam identificação nos 30 maiores museus de História Natural ao redor do mundo. O fator limitante, nesse caso, passa a ser a disponibilidade de
taxonomistas treinados para o trabalho de descrição e catalogação. A grande maioria deles encontra-se na Europa
e Estados Unidos.
Mas, que fatos teriam contribuído para esse enorme sucesso
dos insetos como grupo? Várias razões podem ser apontadas entre elas: o tamanho reduzido - proporcionou a
exploração de inúmeros nichos e pequenos recursos alimentares, a redução da
quantidade de alimento, facilidade em esconder-se e escapar dos inimigos
naturais, ciclos de vida mais curtos, respiração através de tubos ou traqueias;
o desenvolvimento de asas – aumentou
a procura pelo alimento e a dispersão das espécies; o exoesqueleto rígido e impermeável – viabilizou a redução do tamanho
corporal e a inserção de músculos potentes e a proteção do corpo contra as intempéries;
metamorfose – a fase jovem pode
desenvolver-se em alimento e ambiente diverso da fase adulta diminuindo a
competição; simbiose com fungos, bactérias
e protozoários – proporcionou a exploração de novos materiais como recursos
alimentares (quitina, queratina, celulose); plasticidade
genética - proporciona maior adaptação a novos ambientes somada ao curto
ciclo de vida proporcionam uma rápida ação dos mecanismos de seleção natural.
O processo de radiação adaptativa (processo onde os indivíduos
de uma espécie isolada podem originar novas espécies devido as mutações decorrentes
de novos ambientes) é melhor observado naqueles grupos de dimensões corporais
reduzidas e que podem explorar recursos mínimos como esporos de fungos, ovos de
outros insetos e pólen.
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